Poesias de Pilarenses

Um Amigo de Verdade
Se você gosta de história
Então guarde na sua memória
Esta que vou lhe contar
Eu era um menino ainda pequeno
Mas até hoje ainda me lembro
Atenção no que vou lhe falar.

O que vou dizer é verdade
Não lembro bem da minha idade
Pois muito tempo já se passou
Pois aconteceu comigo certa vez
E hoje eu conto pra vocês
Com certeza, pois caduco ainda não sou.

Um certo dia bem cedo
Lá no bananal, perto de um arvoredo
Um lugar onde ia quando estava apurado
E lá vi uma figura estranha
Fazendo suas artimanhas
E eu achava aquilo muito engraçado.

Era um menino bem diferente
Não era igual as outra gente
Mas chamou muito a minha atenção
E eu que era um menino safado
Não fiquei nem um pouco assustado
Com aquilo que vi nessa ocasião.

Seus olhos era bem arregalado
Lábios grosso meio corado
E era grande seu umbigo
Na cabeça gorro, na boca o pito
Era um ser muito esquisito
Parecia querer ser meu amigo.

Não entrei muito na dele
Pois não sabia quem era ele
Como podia eu ter amizade?
Uma coisa achei bem diferente
Ele não era como muita gente
Que usa só a maldade.

O que mais me admirava
Era a rapidez quando se mudava
De um lado para o outro lado
Parecia que ele corria
Mas uma perna só eu via
Pensei. Será que ele é aleijado?

Ele era um menino moreno
Também era bem pequeno
Pouco mais da minha altura
Parecia que me chamava
Com gesto me convidava
Pra fazer com ele aquelas travessuras.

Era um menino bem ligeiro
Era o meu novo companheiro
Que naquele dia conheci
Sei que você não acredita
Mas aquela entidade esquisita
Na verdade era o danado Saci.

Até eu achava que não existia
Mas chegou um belo dia 
Que eu pude bem conhecê
Ele era do jeito que o pai contava
Muitas vezes pra mim ele falava
No tal do Saci-Pererê.

De repente chegou uma hora
Percebendo a minha demora
Minha mãe foi me buscar no bananal
E eu dizia:
- Mãe... mãe, olha lá. Ele veio brinca.
Ele não faz nenhum mal.

Mas minha mãe tão religiosa
Fez uma oração tão fervorosa
E ele desapareceu de repente
Sumiu no meio de um redemoinho
E eu fiquei ali tão sozinho
E ele foi embora pra sempre.

Esta história é bem verdadeira
Aconteceu entre os troncos das bananeiras
Lá no sítio que eu morei
Se quer acreditar acredite
Mas pra mim o Saci existe
Do jeito que lhe contei.

Hoje está longe a minha idade
Mas sempre falei a verdade
Nunca tive o prazer de mentir
Então acredite se quiser
Eu me chamo José
Que jura que já viu o Saci.

Abri a boca só pra falar bobagem
Eu não levo nenhuma vantagem
E vou falar pra voz micê
Neste mundo que a gente vive
O maior amigo que tive
Fora o meu pai, foi o Saci-Pererê.

Isto aconteceu quando fui criança
E até hoje me resta uma esperança
Um dia eu tornar a encontrar
Mas sei que aquele Saci
Foi pra bem longe daqui
Pra nunca mais ele voltar.

Só quero fazer uma pergunta ao Pererê
Se um dia aqui aparecê
O que foi que lhe afugentou
Por que foi embora de vez?
Foi a reza que minha mãe fez?
Ou de mim que não gostou. (...que quis esquecê)
JOSÉ DE PAULA FILHO


Grito da Alma

Na escuridão do dia
a alma grita
e se agita,
palavras repetidas
casas invadidas,
o corpo sente
e jamais mente
                                                       mente que sabe
                                                      e nem sempre cabe
                                                      o ímpeto da alma que grita!
                                                           Denise de Carvalho 14/05/2012